segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A pessoa religiosa e a pessoa política-social na minha visão


Vejo que hoje em dia a cada momento mais e mais se mistura política e religião.  Temos bancada evangélica e católica tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos deputados, nas diversas assembléias legislativas dos estados e até nas câmaras dos vereadores.


O princípio legal de que o Estado é laico foi para as cucuias.


Cada um deles defende que a legislação deve ser de acordo com os parâmetros morais de suas religiões e se esquecem (ou na verdade fazem questão de ignorar) que eles não estão ali para representar as suas religiões ou convicções religiosas e sim para representar todo um povo, que não é o "Povo de Deus" ou o "Povo Escolhido" e sim o Povo Brasileiro.



Vejo igrejas negando direitos civis a pessoas.  Vejo igrejas pregando diariamente o desrespeito aos direitos constitucionais básicos da população, isso sem falar na recusa interminável das igrejas em reconhecer que a sociedade avançou e o "livro sagrado" deles não previu a sociedade atual.


Casamento (ou união civil) entre pessoas do mesmo sexo para eles é uma abominação.


Na verdade o simples fato de você amar alguém do mesmo sexo para eles já é o suficiente para ser taxado de "imundo", "pecador", "pervertido" e outros adjetivos ainda piores.


Se você tem qualquer orientação sexual que não seja estritamente hetero você automaticamente está condenado ao fogo do inferno por toda a eternidade.


Mas... este nem era o assunto que eu tinha a intenção de abordar.  Na verdade a minha intenção era abordar o aborto.


Toda e qualquer religião (inclusive a minha) condena o aborto.


Eu também condeno o aborto, enquanto pessoa religiosa.  Já do ponto de vista político-social eu sou plenamente favorável.


Vamos lidar com a realidade: Querendo o governo ou não, as pessoas vão fazer aborto.  Aborto sempre foi proibido no Brasil e sempre foi feito.


Só que da forma como é feito, milhares de mulheres morrem ou acabam tendo problemas pelo resto de suas vidas por causa disso.


Por ser feito de forma clandestina, sem a menor infra-estrutura, acaba sendo feito "nas coxas" (com direito a trocadilho).


Política e socialmente penso o seguinte:


Um ser que vive dentro do seu corpo, não tem vida fora de você, consome os nutrientes que você ingere, causa uma série de desconfortos físicos, alterações gerais no seu corpo... isso é um parasita.


Não faz muita diferença se o parasita é um feto humano ou uma lombriga!


Ninguém pode ser obrigado a ter este ser dentro do seu corpo contra a vontade.


Da mesma forma que o governo permite e te oferece tratamento médico digno para retirar de dentro de você este ser, acho que é obrigação do Estado permitir e oferecer tratamento médico digno para que você retire de dentro de você este feto.  Tratamento médico este que deveria ser acompanhado de um tratamento psicológico (para os traumas) e de conscientização de que gravidez não é brincadeira.


Prefiro isto do que ver crianças não planejadas, não desejadas, passando fome porque a mãe não tem condição de alimentar nem a si mesma quanto mais a uma criança.


Não tem o menor cabimento que o Estado me proíba de fazer coisas que não estejam prejudicando a outra pessoa que não seja a mim.


Um feto não é um cidadão, pois ele ainda nem nasceu.  Não tem o primeiro documento que faria dele um cidadão que é a certidão de nascimento.  É incapaz de expressar as suas vontades pois ainda nem as tem.


Religiosamente penso o seguinte:


Mesmo sendo um direito inalienável da mulher, o aborto é errado.


Do ponto de vista religioso considero um homicídio brutal contra um ser indefeso.  Do ponto de vista religioso, a partir do momento da concepção ali já há um espírito imortal.


A diferença é que eu não quero impor a minha ideologia religiosa ao resto do povo brasileiro.


Temos que aprender que a nossa religião a gente aplica na nossa casa.


Se você é contra o aborto, não aborte (mesmo que isso te faça conviver pelo resto da sua vida com o resultado de uma noite de irresponsabilidade).


Se você é contra o homossexualismo, não tenha relacionamento sexual com pessoas do mesmo sexo (mesmo que isso te faça um frustrado).


Se você é contra algo, seja o que for, não faça.  Mas não queira impor a outros as suas maluquices.


Imagina se eu fosse contra as religiões e proibisse as pessoas de ir na igreja.  Você não se sentiria desrespeitado?


Respeite o seu próximo para que você também receba respeito.


Entenda de uma vez por todas.


Religião é que nem os seus órgãos sexuais.


Você tem, tem todo o direito de ter, tem o direito de usar nos lugares feitos para isto, mas não deve sair por aí exibindo para quem não está interessado.


Neste caso a função de cueca (ou calcinha) é feita pela sua mente e pelo seu coração.


Mantenha a sua religião guardadinha na sua mente e no seu coração e só a exponha para quem tem interesse nela.


E caso a pessoa se desinteresse quando você a demontrar, guarde-a de volta.


Tentar empurrar contra a vontade em outros é um estupro.


Se tiver qualquer erro de ortografia entenda que eu fui alfabetizado em português... no Brasil... e neste país quase ninguém sabe escrever certo mesmo... :P

2 comentários:

  1. Juridicamente isso esbarra numa questão de difícil solução: um feto não é uma lombriga, é, sim, uma pessoa, que inclusive tem personalidade jurídica. Basicamente por isso o aborto é proibido e, de certa forma, se assemelha a um homicídio.

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  2. Ju,

    O feto ter personalidade jurídica no Brasil é uma coisa até bem recente. Foi uma vitória das igrejas na sua mania de querer se meter na vida pessoal das pessoas. Como eu disse, eles deveriam manter essa caceta dentro de suas próprias cuecas e não tentar empurrá-la nos outros. E esta "pessoa" é incapaz de viver por si ou expressar qualquer pensamento ou emoção. Na verdade essa "pessoa" só passa a ser considerada algo a partir da assinatura da MP 557, quando a Dilma arreganhou as pernas para o Vaticano, pois era deles a demanda por essa monstruosidade. E isto vai completamente contra todos os acordos internacionais de saúde pública dos quais o Brasil é signatário. Estes cretinos chegaram ao ponto de criar um cadastro nacional de grávidas, parta melhor terem como acompanhar quantas vezes você engfravidou e se vc levou até o fim a sua gravidez. Cada vez mais vão levar meninas pobres a abortar sem nem ir ao médico e cada vez mais vão levar essas meninas à cova.

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